A internação de adolescentes para partos custou R$ 254,5 milhões ao sistema de saúde brasileiro entre 2022 e 2024, aponta estudo da Planisa e DRG Brasil com dados de 442 hospitais públicos e privados. O levantamento, que analisou 633.705 altas hospitalares, mostra que partos em adolescentes de 12 a 18 anos representam 5,32% do total e registram crescimento: passaram de 4,66% em 2022 para 5,75% em 2024.
Os dados revelam maior incidência de complicações entre mães adolescentes. A taxa de sífilis atinge 3,36% das gestantes adolescentes, mais que o dobro das gestantes adultas (1,61%). Eventos adversos ocorrem em 21,63% dos casos com adolescentes, contra 13,38% em adultas. Já os eventos adversos graves chegam a 6,21% nas adolescentes, superando os 4,31% em adultas.
“Esses fatores resultam em maior tempo de internação e elevam os custos hospitalares para o sistema de saúde”, afirma Marcelo Tadeu Carnielo, diretor de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares.
A prematuridade também é mais frequente entre mães adolescentes: 12,55% dos casos, contra 11,43% em adultas. Bebês prematuros de mães adolescentes permanecem internados por 4,6 dias em média, enquanto os de mães adultas ficam 3,9 dias.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, mostram que 23,1% dos jovens de 14 a 29 anos abandonaram os estudos devido à gravidez. Um levantamento do Ministério da Saúde de 2020 indica que 14% dos nascimentos no Brasil foram de mães até 19 anos. Entre essas mães adolescentes, 69% são negras ou pardas, e 66% das gestações não foram planejadas.
A taxa mundial de gravidez na adolescência é de 46 nascimentos para cada mil jovens entre 15 e 19 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na América Latina e no Caribe, esse número sobe para 65,5 nascimentos por mil adolescentes.