Justiça determina sigilo em investigação de soldado israelense em férias no Brasil

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A juíza federal Raquel Soares Chiarelli determinou que a investigação do soldado israelense que está em férias no Brasil por supostos “crimes de guerra” seja conduzida em “caráter sigiloso” e que a Polícia Federal realize as diligências pedidas pelo Ministério Público Federal (MPF).

A decisão foi proferida na noite deste domingo (5) dias depois da Fundação Hind Rajab (HRF), que apoia palestinos, pedir a apuração contra o soldado pela alegada participação no que chama de “demolições na Faixa de Gaza” contra civis em novembro do ano passado.

“Considerando o caráter sigiloso que deve orientar as investigações determino a anotação de sigilo nos autos e, posteriormente, a intimação da Polícia Federal para realização das diligências investigativas postuladas pelo MPF”, escreveu a magistrada ressaltando a dispensa de uma possível prisão do militar.

A notícia-crime contra o soldado foi apresentada nos últimos dias de 2024 pelos advogados Maira Machado Frota Pinheiro e Caio Patrício de Almeida, que o acusam de ser um “criminoso de guerra”. Eles argumentam que, como signatário de tratados internacionais, incluindo a Convenção de Genebra e o Estatuto de Roma, o Brasil teria a obrigação de investigar e reprimir crimes dessa natureza, mesmo que ocorram fora de seu território.

A juíza fundamentou a decisão de abertura da investigação no princípio da extraterritorialidade e da competência universal, que permite processar e julgar crimes graves independentemente do local onde foram cometidos.

A decisão da magistrada gerou repercussão em Israel. O congressista Dan Illouz, do partido governista Likud, classificou o Brasil como “patrocinador de terroristas”.

“O Brasil se tornou um Estado patrocinador de terroristas. Em vez de perseguir terroristas, persegue um soldado das Forças de Defesa de Israel – um judeu que sobreviveu a um massacre brutal e defende seu povo. Uma vergonha imperdoável. Israel não ficará de braços cruzados diante da perseguição a seus soldados e, se o Brasil não corrigir seu caminho, pagará um preço”, escreveu Illouz em suas redes sociais.

O presidente Lula foi declarado persona non grata em Israel no ano passado após comparar a guerra contra o Hamas ao Holocausto na Segunda Guerra.

Ministro de Israel diz que Judiciário e governo Lula abraçam calorosamente apoiadores do terrorismo

| O ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli – | Foto: EFE/Javier Albisu

O ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, criticou a decisão da Justiça brasileira de investigar um militar israelense que estava de férias no Brasil.

Em carta enviada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) neste domingo (5), Chikli acusou o governo Lula e o Judiciário brasileiro de abraçarem “apoiadores do terrorismo” e os “negadores do Holocausto”, qualificando a ação judicial como fruto de uma tentativa de perseguição contra o militar israelense.

A reportagem entrou em contato com o Palácio do Planalto para comentar as afirmações mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

“Nos últimos dias, tomamos conhecimento de um incidente preocupante em que uma organização palestina, conhecida como ‘HRF’, apresentou uma queixa contra um turista israelense que estava visitando o Brasil – um veterano das FDI [Forças de Defesa de Israel] – com base em calúnias de sangue contra o Estado de Israel. A organização divulgou publicamente os dados pessoais do soldado, com o objetivo de persegui-lo e prendê-lo”, cita o texto.

A investigação contra o militar foi ordenada pela juíza Raquel Soares Charelli em 30 de dezembro de 2024, após um pedido feito por advogados da Fundação Hind Rajab (HRF), uma organização que alega defender a causa palestina. Segundo os denunciantes, o militar israelense teria participado de demolições na Faixa de Gaza em novembro, resultando em danos a civis.

Em sua carta enviada ao parlamentar brasileiro, Chikli afirma que a HRF “não é uma organização de direitos humanos, mas sim uma apoiadora flagrante do terrorismo”.

“De acordo com as descobertas da pesquisa do Ministério de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo, que lidero, os líderes desta organização expressaram repetidamente apoio ao Hezbollah, Hamas e outras organizações terroristas cujo único propósito é a destruição de Israel e o assassinato de israelenses”, diz o texto.

O ministro reforçou suas críticas ao relatar episódios nos quais membros da HRF demonstraram apoio a terroristas e negaram crimes históricos. Chikli lembrou no texto que um dos fundadores da HRF, Diyab Abu Jaleha, elogiou publicamente o líder do terrorista do Hezbollah, Hassan Nasrallah, após sua eliminação pelas forças israelenses.

“Em setembro, após a eliminação do Secretário-Geral do Hezbollah Nasrallah, Jaleha publicou um elogio efusivo, afirmando: ‘Não podemos esquecer sua aura, seu sorriso, seu gênio e sua gentileza’”, destacou no texto.

Chikli também mencionou declarações de outro membro da HRF, identificado como Karim Hassan, que, segundo ele, elogiou os ataques terroristas de 11 de setembro contra o World Trade Center nos EUA e questionou a existência de câmaras de gás nos campos de extermínio nazistas.

“Karim Hassan, escreveu em 8 de outubro: ‘Os palestinos não ‘invadiram’ Israel… Eles estão simplesmente voltando para casa e reivindicando suas propriedades’. Além disso, no passado, ele elogiou os ataques de 11 de setembro, chamando-os de ‘doce vingança’. Ele também é um negador do Holocausto que questionou a existência de câmaras de gás em campos de extermínio”, cita a carta.

“O fato de o judiciário brasileiro, com o apoio do presidente Lula, abraçar calorosamente os apoiadores do terrorismo e os negadores do Holocausto – no momento em que nos aproximamos do 80º aniversário da libertação de Auschwitz – é uma vergonha para o governo brasileiro. Devemos levantar nossas vozes contra tal conduta. Estou convencido de que a grande maioria dos cidadãos brasileiros decentes e patriotas rejeita as ações abomináveis ​​de seu governo, que serão lembradas como uma nota de rodapé histórica indigna da história gloriosa do povo brasileiro”, ressaltou o ministro, expressando indignação pela ação da justiça brasileira.

No encerramento da carta, o ministro diz que vê “o povo brasileiro como aliado na luta global contra o terrorismo” e fez um apelo direto a Eduardo, pedindo apoio contra o que classificou como uma injustiça não apenas contra um soldado israelense, mas contra todos os que combatem o terrorismo.

“Dirijo-me a você, como amigo de Israel e do povo judeu, com um pedido para levantar uma voz clara e resoluta contra essa injustiça – uma injustiça direcionada não apenas a um soldado israelense, mas também a todos que se opõem ao reinado de terror imposto por grupos islâmicos radicais em todas as suas formas. Apoiar aqueles que protegem os inocentes e combatem o terrorismo é uma postura moral que não pode ser contestada”, concluiu.

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