
Na manhã desta terça (10), o almirante e ex-comandante da Marinha, Almir Garnier (foto), negou ter recebido uma minuta, nem ter oferecido a tropa da corporação para uma suposta “trama golpista”. As negativas foram expostas ao depor aos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). E contrariam versões de outros denunciados que foram acusados de crimes que visariam impedir que o presidente Lula (PT) governasse o Brasil, após derrotar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2022.
Garnier admitiu ter participado da reunião de Bolsonaro com os chefes das Forças Armadas, em 7 de dezembro de 2022, na qual o delator e tenente-coronel Mauro Cid e outros militares afirmaram ter sido debatida a minuta de um documento que visaria decretar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dentro do suposto planejamento de um “golpe de Estado”.
Mas informou aos ministros que o encontro teria como foco as preocupações sobre questões de segurança pública, diante dos diversos acampamentos de insatisfeitos com as eleições presidenciais. E descartou ter disponibilizado 14 mil marinheiros para a suposta “trama golpista”.
“Isso não ocorreu. Não houve deliberações. O presidente não abriu a palavra a nós. Ele fez as considerações dele, expressou o que mais pareciam preocupações e análises de possibilidade do que propriamente uma ideia ou uma intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção. A única que eu percebi, que era tangível e importante, era a preocupação com a segurança pública, para a qual a GLO é o instrumento adequado dentro de certos parâmetros. [..] Quando você fala em minuta, eu penso em documento, em papel que é entregue. Eu não recebi esse tipo de documento”, afirmou Garnier.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Garnier como o único comandante das Forças Armadas a aderir ao suposto “plano de golpe”. O que conflita com depoimentos anteriores dos ex-comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, ao STF. Baptista confirmou a versão de Cid, de que Garnier teria oferecido a Bolsonaro suas tropas à disposição do suposto “golpe”. Enquanto Freire Gomes, recuou recentemente de depoimentos anteriores que indicavam suposto apoio de Garnier a um eventual conluio contra a eleição de Lula.
Assista a íntegra do depoimento do almirante Almir Garnier: