Ex-assessor de Moraes, Tagliaferro pede sigilo em inquérito

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|Conversas que constam da investigação mostram que o ex-perito do TSE temia ser preso ou morto

Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o inquérito no qual é investigado permaneça em sigilo. Segundo Tagliaferro, manter a investigação aberta seria um erro “crasso e pueril”, que compromete a segurança nacional e de integrantes dos Poderes da República, além de seus familiares.

O pedido vem depois de a Gazeta do Povo divulgar informações públicas do inquérito, como conversas entre Tagliaferro e sua mulher nas quais revelava medo de Moraes e receava ser preso ou morto em razão das informações que detinha.

No pedido, Tagliaferro alertou sobre a exposição de dados de 3.608 pessoas, incluindo diplomatas, o diretor da Organização dos Estados Americanos (OEA); o procurador-geral da República, Paulo Gonet; além de integrantes da presidência e familiares de ministros. Ele argumenta que permitir o acesso irrestrito a essas informações é expor essas figuras “para os mais vorazes inimigos da democracia”.

O ex-assessor foi indiciado pela Polícia Federal por “violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública”. A investigação apura o vazamento de mensagens do ministro Moraes para servidores do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, que teriam sido repassadas à Folha de S.Paulo. O inquérito baseou-se em depoimentos e na quebra de sigilo telemático.

Quem é Eduardo Tagliaferro?

Tagliaferro ocupou o cargo de chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE entre agosto de 2022 e maio de 2023. Seu nome ficou em evidência em agosto do ano passado, quando o jornal Folha de S.Paulo fez uma série de reportagens sobre mensagens dele com outros assessores de Moraes no STF e no TSE.

As conversas vazadas revelavam que Moraes escolhia quem seria investigado e mandava os assessores providenciarem relatórios para justificar suas decisões. Em um dos casos, Oeste foi citada. O juiz Airton Vieira, assessor de Moraes no STF, mandou Tagliaferro “usar a criatividade” para incluir Oeste como “revista golpista”.

Durante esse período, Vieira era responsável pela elaboração de relatórios que monitoravam políticos, influenciadores, veículos de imprensa e perfis nas redes sociais que faziam críticas ao TSE, ao STF ou ao próprio Moraes. Esses relatórios embasaram decisões do ministro para remover publicações, suspender perfis e até abrir investigações no Inquérito das Fake News.

Com as informações divulgadas pela Gazetaparlamentares da oposição querem ouvir Tagliaferro sobre o período que trabalhou no TSE.

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