Colostomia definitiva: o que é o procedimento feito por Preta Gil

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Em meio ao tratamento contra o câncer, a cantora Preta Gil, de 50 anos, contou em suas redes sociais que está usando uma bolsa de colostomia definitiva.

O item, acoplado no corpo após uma cirurgia, permite que as fezes e gases sejam eliminados do intestino grosso diretamente para a bolsa coletora que fica fixada no abdômen.

“Eu estou me acostumando com a minha bolsinha de colostomia. Dessa vez, eu tive que colocar uma bolsinha definitiva, e não provisória, como foi a do ano passado”, afirmou a cantora, internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP).

“Vou ficar para sempre com essa bolsinha e sou muito grata a ela. E as enfermeiras de ileostomia [procedimento de abertura no intestino delgado] estão me dando aulas e dicas de como será em casa”, disse, em vídeo postado em suas redes no domingo (26).

Preta foi diagnosticada com câncer no intestino (também chamado de câncer colorretal) em 2023, após exames terem apontado a presença de um tumor do tipo adenocarcinoma na porção final do órgão.

No mesmo ano, a cantora fez uma cirurgia para a retirada de parte do intestino grosso devido aos tumores e usou uma bolsa de colostomia temporária.

O item foi retirado no mesmo ano, após a cantora anunciar que o câncer estava em remissão.

No entanto, meses depois, Preta revelou que, durante exames de rotina, descobriu que o câncer havia voltado.

Em 2024, ela precisou amputar o reto como parte do tratamento.

Em 29 de dezembro, foi submetida a um novo procedimento cirúrgico, que durou 21 horas, e removeu novos tumores do intestino grosso.

Como é a cirurgia

“Estomia” se refere a um procedimento cirúrgico de abertura em algum órgão — como a colostomia, no intestino grosso ou cólon; gastrostomia, no estômago; nefrostomia, no rim; ureterostomia, no ureter; e vesicostomia, na bexiga.

Na colostomia, após a anestesia geral, é feita uma ligação do intestino grosso com uma abertura na parede do abdômen do paciente. Nessa abertura, é colocado o equipamento de colostomia.

A bolsa, geralmente de plástico, fica acoplada a uma placa de silicone adesiva, grudada na pele ao redor do estoma (abertura criada cirurgicamente no corpo).

“Uma vez que o pedaço do intestino é colocado na parede abdominal, o paciente passa a não ter um o controle fino da evacuação”, explica Rodrigo Perez, chefe do núcleo de coloproctologia e intestinos do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O local exato da colostomia é definido com o paciente acordado, para que ele, juntamente com o médico, determine a posição mais confortável para a colocação da “bolsinha”.

|Com os devidos cuidados, o próprio paciente pode trocar sua ‘bolsinha’

Fatores como altura, peso, sexo e tipo de roupa que o paciente gosta de usar são levados em consideração nessa escolha.

Uma das causas mais comuns para a realização do procedimento é a retirada de uma porção significativa do intestino devido ao câncer.

A colostomia temporária também pode ser necessária quando o órgão está em cicatrização ou reconstrução, explica Bruno Zilberstein, cirurgião do aparelho digestivo da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

“Depois de um tempo, esse procedimento é desfeito, a bolsa de colostomia é retirada e o paciente passa a evacuar normalmente. Porém, a localização do tumor e o tamanho de intestino que precisa ser retirado podem fazer com que a cirurgia seja definitiva”, afirma Zilberstein, cirurgião do Aparelho Digestivo da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Normalmente, outra justificativa para a colostomia definitiva é quando o trânsito intestinal (a passagem dos alimentos pelo intestino) não pode ser restabelecido após procedimentos.

Entretanto, segundo o médico, o fato de a estomia ser temporária ou definitiva não está diretamente relacionado à gravidade do câncer.

Cuidados com a colostomia

|’Dessa vez, eu tive que colocar uma bolsinha definitiva, e não provisória, como foi a do ano passado’, |relatou Preta Gil

Pacientes que passam por procedimentos de estomia, seja temporária ou definitiva, precisam ter cuidados para evitar que a abertura feita no corpo e a bolsinha sejam infectadas.

Para isso, é necessário higienizar a bolsa e cuidar da cicatriz que fica na pele.

Além de serem vendidas em farmácias e lojas especializadas em produtos médicos, as bolsas de estomia são fornecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para ter acesso, o paciente deve procurar o Centro Especializado em Reabilitação (CER) mais próximo da sua residência. Para ter acesso ao produto, é importante levar o documento da cirurgia e da alta médica.

O próprio paciente pode trocar sua bolsa, mas há enfermeiros especializados que fazem esse tipo de atendimento em casa.

“O ideal é que a bolsa seja trocada quando estiver com dois terços completados. Isso pode ser uma vez ao dia ou a cada dois dias, por exemplo — vai depender muito do trânsito intestinal de cada paciente”, explica Rogério Cury, diretor do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia (Gastrocirurgia) do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo.

“Para essa troca, é importante utilizar água morna para limpar o local. Se quiser, pode usar sabonete neutro, mas não é obrigatório. É importante secar bem as bordas da ferida para não criar infecções no local”, aconselha o médico.

Nos dias e meses após a cirurgia, é importante o paciente ter uma alimentação rica em fibras, mastigar bem os alimentos e beber muito líquido — acima de dois litros diários.

Além disso, nas primeiras semanas de pós cirurgia, é importante evitar pegar pesos ou praticar esportes de contato. Também é recomendado que o paciente use roupas leves e confortáveis para que não aperte o local da colostomia.

A longo prazo, o paciente pode retomar os hábitos que tinha antes do procedimento.

“O paciente ostomizado tem uma vida comum. Ele está liberado a fazer atividade física, praticar esportes de alto rendimento, nadar, ir à praia, namorar…”, diz Ramon Mendes, coloproctologista e cirurgião colorretal do Hospital Mater Dei Salvador.

“Em relação à alimentação, também não há muitas restrições. A única observação que vale chamar a atenção é que alguns alimentos podem acelerar o ritmo intestinal. Então, se ele come um alimento que pode dar uma diarreia, a bolsa precisa ser trocada mais vezes”, esclarece o médico.

Fotos: Getty Images | Reprodução/Instagram

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